31.7.06

Crônica nº 004 - Minha avó não tinha e-mail


Minha avó não tinha “e-mail”

Brasília, 31 de julho de 2006.



Aeroporto, começo de julho férias escolares, a criançada saindo de viagem para a Disney World, aquela tão sonhada viagem que toda criança e adolescente vislumbra e pede com cara de piedade, e que acaba ganhando. Presente dos pais? Não! Presente do vovô e da vovó!
- Meu queridinho, não vai andar na montanha russa vinte vezes, tá?
- Esquenta não vó, eu não vou passar mal, é só uma montanha russa.
- Mas não é disso que eu estou falando meu anjo.
- Ué? Então o quê é?
- Não vai perder todo o tempo só na montanha russa, tem outras atrações super radicais lá, como os estúdios da MGM, os parques aquáticos e o Epcot Center.
- Nossa vó, como é que você sabe disso? Você já foi pra Disney?
- Não, só pesquisei na Internet meu amor. Olha! Seu avião já vai partir!
- Tchau vó, esquenta não que eu vou radicalizar só um pouquinho por lá!
- Vai com Deus meu filho. Ah, e não se esqueça de mandar e-mail pra vovó todo dia, assim eu fico despreocupada.

Epa!!! E-mail pra vovó?! E desde quando avós têm e-mail? Que eu me lembre minha avó não tinha e-mail. Será que é por que já estou na casa dos trinta? Provavelmente.

Ao se analisar o diálogo acima dá-se conta da existência de uma nova e surpreendente realidade do século XXI, avós com alto poder aquisitivo e conectados na Internet, cada vez mais auto-suficientes e repletos de informações atualizadas.

Em um passado não tão distante, os avós eram mais provincianos, levavam uma vida predominantemente doméstica, quase que rural. A maioria das pessoas nascia, crescia e morria no mesmo lugar, muitos na mesma casa, e raros eram os que se aventuravam na exploração de novas cidades e países, a vida se resumia aos acontecimentos locais e as notícias eram transmitidas de pessoa para pessoa, ou por jornais e cartas.

A comunicação naquela época era precária. As cartas predominavam, mas demoravam a chegar às mãos de seus destinatários. O telefone, uma invenção cuja tecnologia ainda não estava totalmente dominada, disponibilizava um serviço de baixa qualidade. Apesar disso, ter um telefone em casa era um privilégio de poucos. A televisão, idem, era artigo de luxo! As primeiras com imagem em preto e branco veiculavam notícias de fatos ocorridos dias antes. A captação das imagens, através do melhor posicionamento de antenas esqueléticas no teto da casa, era árdua tarefa para os intelectuais da família.

Essa situação era inquietante para as mentes mais modernas, que fervilhavam com novas idéias de aperfeiçoamentos tecnológicos a fim de trazer mais conforto e prazer no uso daqueles instrumentos de comunicação. Não demorou muito e surgiu no início da década de oitenta um novo e revolucionário produto, chamado de PC, acrônimo para Personal Computer, ou seja, computador pessoal. Essa poderosa máquina, que em seus primórdios fazia o simples papel de uma calculadora tamanho família, guardava em seu interior a essência mágica de uma nova era, a Era da Tecnologia.

O computador, com o passar dos anos foi se aperfeiçoando de forma tão veloz que para muitos foi tarefa árdua acompanhar sua evolução. Nesse contexto um visionário grupo de cientistas americanos decidiu criar um ambiente que guardasse informações úteis para um determinado grupo de pessoas que possuíam seus computadores conectados. Surgia então a Internet. Uma ferramenta digital que consistia de um banco de dados cujo número de informações se expandia exponencialmente ao longo dos anos.

O público, quando finalmente teve acesso a ela, se encantou e a adotou como novo meio de comunicação e busca de informações. Mesmo em franca expansão a Internet ainda era lenta e pouco confiável. Apesar disso, ela prosseguia conquistando novos usuários. Seu principal atrativo era o e-mail, uma mensagem digitada através do teclado do computador que com o simples acionamento de uma tecla chegava velozmente ao seu destinatário. A revolução estava declarada!

No início da década de noventa a Internet já havia se tornado uma ferramenta de grande auxílio na vida das pessoas. O e-mail era mais uma maneira de se achar alguém, agindo como se fosse seu número de telefone ou endereço. As informações contidas no ambiente da rede mundial eram profusas, muitos afirmavam que uma pessoa levaria a vida toda lendo as páginas da Internet e mesmo assim não esgotaria seu conteúdo. Os “internautas” de então trocavam mensagens instantaneamente através de salas de bate papo, que eram de certa forma tão atraentes e envolventes que prendiam esses aficionados por horas em frente à telinha.

No início do século XXI, surgiram e se tornaram populares muitas ferramentas importantes na Internet tais como a ferramenta de busca Google, a de relacionamentos Orkut, as páginas denominadas Blogs e Fotologs onde as pessoas postam suas opiniões e fotos sobre todo tipo de assunto. Hoje, através de ferramentas de Chat, ou bate papo, como o MSN Messenger e o Skype é possível conversar com uma pessoa do outro lado do mundo ouvindo-a e até mesmo vendo-a através de uma WebCam em tempo real, o Home Banking possibilita o acesso a serviços bancários onde quer que se esteja, através do E-commerce as pessoas compram e vendem de raros discos de vinil a automóveis, pelos sites de publicidade elas lêem notícias em tempo real e as mais variadas reportagens aprimorando seus conhecimentos. As empresas por sua vez economizam tempo e dinheiro ao utilizarem a Internet deixando de gastar com viagens, telefonemas e correio substituindo-os por serviços tais como vídeo conferências e mensagens eletrônicas com documentos anexados.

A Internet, juntamente com o telefone celular, e as hoje tão cobiçadas TVs de plasma conectadas a serviços de TV via satélite, se tornaram itens imprescindíveis para inserção do homem na sociedade. As crianças já nascem presenciando a influência desses produtos em suas vidas. Embora muitas pessoas não viveram para presenciá-la, muitas estão sentindo a forte presença dessa tecnologia traduzida em utilidade prática, conforto e prazer no trabalho, no estudo e no lazer. Os que já alcançaram a terceira idade já não a temem mais e a vêem como um desafio para manter suas mentes em plena atividade, e em se falando de Internet, existe hoje uma imensidão de vovôs e vovós conectados a ela.

Minha avó não tinha e-mail, nem celular, nem TV de plasma, mas meus pais já os têm, e os utilizam como se sempre tivessem existido. Meus filhos, que virão nos próximos anos, nunca poderão se queixar de que seus avós não tinham e-mail, mas quem se atreveria a arriscar um palpite de qual será a queixa desses futuros adultos nesse contexto cibernético? Eu é que não me atrevo mesmo!



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23.7.06

Crônica nº 002 - A revolução feminina

A revolução feminina

Brasília, 09 de julho de 2006.


O homem contemporâneo está perdendo campo para a mulher! É o que os casais nos dias de hoje tentam com muito pouco sucesso driblar. Em nome do bom convívio entre os casais, há que se ter uma quebra de paradigmas, digamos, fenomenal.

A sociedade dos tempos modernistas, década de setenta, era bem diferente. Era machista, extremamente machista. O homem era o sustentador financeiro de toda a família, o chamado “muro de arrimo” e para isso se sacrificava em penosas jornadas de trabalho. A mulher dona de casa, em contrapartida, ficava cuidando dos afazeres domésticos, tarefa igualmente pesada, diga-se de passagem.

Acontece que essas donas de casa se cansaram de depender de seus maridos e fizeram uma revolução que aflorou no início da década de oitenta. Saíram de casa. Calma! Esclarecendo, decidiram trabalhar fora. Foi então que surgiram as empregadas domésticas que alforriaram as donas de casa e essas, ganharam uma nova perspectiva, o mercado de trabalho, e junto a ele a tão sonhada independência financeira.

Em pouco tempo elas já estavam ocupando cargos em várias carreiras antes tidas como exclusivas do sexo masculino. Lembro-me perfeitamente do susto que levei ao vislumbrar pela primeira vez uma mulher ao volante de um ônibus; confesso que hesitei em embarcar. E o dia em que vi uma policial surrar um bandido e algemá-lo em plena praça pública! Fiquei de queixo caído!

Em meados da década de noventa era comum ouvir falar que a mulher enfrentava uma dupla jornada de trabalho, ou seja, trabalhava fora o dia todo e ainda cuidava das tarefas do lar. Ouvia-se também queixas femininas de que os salários das mulheres, mesmo ocupando o mesmo cargo de um homem, tinha o salário mais baixo. Olha só que sociedade machista! Mas a revolução ainda crescia.

Hoje, não raro, em um casal a mulher é quem ganha mais que o homem e, em alguns casos, muito mais. Essa situação, dentre todas as que já se passaram durante a revolução feminina, é de longe a mais delicada. As mulheres ainda conservam características machistas enraizadas em suas mentes, advindas de seus ancestrais. Elas ainda hesitam em trocar o pneu de um carro, por exemplo, insistem em não aprender a dirigir direito e ainda choram o tempo todo explicitando que são sim do sexo frágil.

O homem, por outro lado, sofre, pois não têm mais o poder de decisão nas suas mãos. Perdeu o controle da situação. Não é mais o chefe da casa, não é mais um “muro de arrimo” e sim um mero colaborador que não tendo status financeiro aceitável tem é que ir para o tanque, pilotar o fogão e trocar fralda de neném chorão durante a madrugada.

As mulheres estão dia a dia tomando as profissões dos homens e desempenhando-as tão bem e muitas vezes melhor que eles. Agora que elas sentiram o gostinho bom da independência financeira, não voltarão atrás de jeito nenhum, apesar de muitas morrerem de vontade que isso aconteça. Mas o homem também saiu ganhando. Ganhou a profissão de dono de casa que é tão nobre quanto qualquer outra.

Por isso colegas homens, a palavra de ordem é: adaptem-se! Isso mesmo, adaptem-se! Aprendam a lavar, passar, cozinhar, cuidar de criança e tantos outros afazeres que farão parte de suas vidas. Façam isso em nome da conservação dos matrimônios e para a sobrevivência da raça humana na terra. O futuro está em nossas mãos, cheias de sabão!


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